Páginas

Total de visualizações de página

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Tal Qual

Numa noite dessas, a toa,
onde o bocejo é arauto
da insônia, eu heroicamente
adormeci. Tive um sonho
sombrio, eu era pai de um
feto de alumínio frio,
não era máquina nem
orgânico, seu desenho sútil
sugeria que não havia
sido desenvolvido em nenhum
ventre humano e, apesar
de já haver nascido, seu
aspecto era fetal, tal qual,
algo que para mim ainda
é desconhecido. Eu era a
imagem de um pai refletida
nuns olhinhos de um semi
opaco vidro, que me fitavam
com ternura, embora indecisos
ainda quanto a natureza
da minha figura, oscilavam,
ora olhando para mim
ora fingindo ignorar-me.

Nunca entendi o porquê
dos sonhos inexplicáveis,
soturnos e abstratos.
O fato é que eu era pai
de um feto metálico,
sem mãe, sem procedência.

O mais assustador foi ao
acordar e me deparar com
o estado da minha existência,
continuava sendo a mesma.

Nenhum comentário:

Postar um comentário