Deste-me amor e
detestas amar,
detestasse-me antes mulher,
assim seria melhor.
Destas tuas culpas com o amor,
em não amar e não amar-me,
e mesmo assim me dar o seu amor,
a que mais me machuca
é saber que fazias friamente
sem se importar o quanto
tolamente eu me queimava no
ardor do amor que trazias no
peito para ti.
Mas eu hei de te assegurar,
pobre dama, musa desenganada
do amor,
que jamais deixarei de amar
uma outra vez por conta dos
dissabores que tive e vivi pela
atitude de tua leviana alma e do
comportamento teatral do teu
corpo quando em cio:
quando em si insinuava fogo,
quando teu sexo devorava-me
todo e, hoje sei, que tudo deveria
parecer um espetáculo circense:
Mais circo para mim, o sexo, e o pão
que o pecado amassou, teu corpo,
me davas para que eu jamais descobrisse
o teu não amar.
Mas se por ventura, tua, tu não me amou,
do outro lado nessa aventura, minha, de se
amar o desamor, eu me escondo sob tua
lona e decido fugir com o circo.
