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quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Sozinho

Não pise na lua
dizia o aviso,
mas eu perdido
no universo,
cansado de tanto
procurar versos
fui descansar lá
um pouquinho,
então pude observar
a Terra, assim,
achei o caminho
de volta para casa,
sozinho.

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

adeus adeus

toda perseverança é pouco
para quem tem a esperança
como agouro.
porque no meu céu deus está sepultado?
porque tanta onimpotência para com
um desacreditado, não seria o contrário
disso o mais apropriado,
mas acho que para isso
eu deveria acreditar,
mas como posso crer naquele
que duvida da minha existência,
eu, o ignorado?

entendo a razão do fracasso,
eu sou meu deus,
sou natureza,
sou Homem,
sou poeta do adeus
e que o deus dos outros
me abandone à sorte da
minha grandeza.

sábado, 6 de setembro de 2014

Indagação

Pergunta a pena:
— O que há no verso
de cada verso, será o
inverso dos mesmos
versos ou um universo
como anverso do poema?

Deus

me incomoda o modo
como eu me refiro a você

me isola o modo como eu
me retiro a você

me condena o modo como eu
me atiro em você

me ascende o modo como eu
me ajoelho a você

me enlouquece a glória que eu
busco em você e

satisfaz a minha busca a falta
que eu sinto em você.

maldito és tu pelo modo como
sobrevive em mim, pois me
incomoda o modo como eu
fico assim, de ti, à mercê.

domingo, 17 de agosto de 2014

Vicissitude

meus pulmões pedem
a cada muco escarrado
ar puro para que queime
saudável a brasa do meu
cigarro.

sábado, 16 de agosto de 2014

Viagem no tempo

não é possível antecipar
a chegada para quem sabe
que já está atrasado, mas,
é ir pro futuro quando se
sabe que não chegará no horário
marcado.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Livre-arbítrio

Diabo e Deus discutem sobre o Homem em um conciliábulo no céu. Sugere Deus que seja cada vez mais cerceada a liberdade dos homens na terra, para que assim seja possível aumentar o domínio dos céus sobre os mesmos. O Diabo discorda, e sugere o oposto, segundo ele, quanto mais liberdade, mais o Homem se torna preso dentro de si mesmo e, como a alma é um território apenas acessível a Deus, será mais fácil de obter o controle desejado.
— E quanto ao vosso acesso? Pergunta Deus.
— Você, caro senhor, sabe que meu acesso aos homens é devidamente supervisionado pelos seus Serafins, nada que eu faça não é do seu conhecimento.
— Mas mesmo que eu discorde de alguma ação sua, dificilmente consigo anulá-la após você tê-la praticado — Rebate Deus.
— O que é impossível ao senhor, grande mestre?
— Nada — Afirma Deus, receoso.
— Então, o que temes? Perceba que há muito mais lógica na minha proposta do que na da vossa.
— Então feito, daremos ao Homem total liberdade de livre escolha a tudo que deseje, mas como tudo só tem poder quando em contrapartida encontra o oposto para lhe validar, ordeno que você institua essa oposição à minha ideia de ilimitada liberdade ao Homem.
— Como queira, grande senhor de toda sabedoria. Embora esta ideia tenha sido minha — Pensou o Diabo.

Assim, Deus deu ao Homem o livre-arbítrio, e o Diabo criou a religião.
Vivemos dessa maneira desde então.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Banquete arte

os olhos nus
da minha alma noir
salivam à observar
teu alvo corpo vestido
da mais bela carne.
o desejo de lhe devorar
me cega, tal desejo irá
me guiar às cegas...
teu corpo, jovem mulher,
servirei ao pecado em um
banquete.
teu corpo,
servirei à morte ao molho
vermelho para que meus
demônios possam banquetear-se
em deleite.

farei de ti a mais bela obra de arte,
tua virgindade será preservada,
para que tal obra cunhada tenha
um quê de pureza que a enfeite.

domingo, 25 de maio de 2014

em vão

pergunta meu bobo coração,
o que pode ser mais tolo que
o amor e sua imortalidade,
se diariamente ele em suicídio
tenta provar sua fugaz linhagem?
em vão.
assim como meu coração
tenta provar que não precisa de
nenhum sentimento imortal e suicida.
em vão.
assim como esse poema escroto e
intimista...nada tenta.
ou não.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Rosas, lírios, jasmins

Há flores doentes no ambulatório
do jardim,
rosas, lírios, jasmins,
todas em febris delírios
'pétala sobre pétala ardía'
todas quase mortas ou
quase mortas todas até
o final do dia.
Em seu pranto, as moribundas
entoam ritos aos céus,
elegias, ditirambos,
ladainhas por intempérie,
porém, sobre elas apenas
o sol impera.
Não haverá chuva,
não há nuvens,
não há vento.
Não haverá cura,
não há água ou
unguento que atenue
uma secura tão perene.
As raízes já perderam as forças,
o solo seco às venceu, na parcimônia,
a conta gotas, a contragosto.
As flores morreram, quase todas.
As que não, estão vivas pois no
velório choveu, a noite toda.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Lilith

Eu serei teu Deus promíscuo,
invadirei o Panteão e
matarei todos,
genocídio.
Por você destronarei
Dionísio,
farei de ti minha mais
amada Mênade.
Peço que se renda ao
meu desejo e deixe que
eu à possua,
lhe asseguro que a vontade
maior vai ser tua,
de provar-me a carne,
beber do meu sêmen
e matar assim tua sede
de prazer e luxúria.
Seja minha Deusa dos sonhos,
minha súcubo, ofereço à ti
toda minha energia vital,
mas antes digo que só terá
tudo de mim quando adorar
como um sagrado totem o
meu profano pau. Éesta
tua sina minha amada Lilith,
assim como é minha tua vagina
que insiste saciar-me o desejo
sublime, tu, como a primeira
fêmea possui o sabor original e
é por esse ópio que anseio, que
busco por muito tempo como
um indômito animal que fareja
o cio e se alimenta desse cheiro.
serei teu deus promíscuo,
nefasta dama,
e quanto ao risco desse ardoroso
desejo acabar, saiba que ainda
teremos o inferno por toda a
eternidade para nos amar e nos
amar, até que a última chama se
apague.

terça-feira, 22 de abril de 2014

Design

antes da apresentação daquela
que aspira ser considerada a
beleza suprema,
me antecipo e digo
-não será!
mesmo que incansavelmente
ensaie,
pois nada nesse mundo é
mais belo que os seios,
nada supera a perfeição
do seu design.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Madrugada

Durante um diálogo noturno,
caí na lábia do silencio profundo
e adormeci.
durante o sono,
num sonho fecundo,
meu interlocutor disse
que não se dorme na insonia.
Acordei no mesmo segundo,
amordacei o silencio e
continuei conversando
com meus demônios
sem assunto algum.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Amor

Meu frio coração
celerado,
como o fio do aço
que dilacera
ele corta meu peito
a medida que bate,
e o sangue que faz
circular
jorra pelos cortes.
Há dor...

é a morte!
é a morte!
é a mor...

segunda-feira, 24 de março de 2014

minuto de silêncio

ouve-se as
sessenta batidas
do ponteiro dos
segundos.
nada houve.
apenas o silêncio,
sucinto,
nesse tempo todo
coube.

e alguém já extinto
se sente muito melhor,
pelo menos por hoje. 

Primal

Fez-se a tristeza megalômana,
fez-se assim, sob os olhos de
um primal desejo,
eis que ela proclama:

-surge a aproximação do fim.

Como saber ao certo o que
resta ainda de mim, se sobre
esse fato infecto nada sei
como nada nunca ninguém

sabe...nada sobre o fim?

Como fugir dos braços da morte
se o que quero é abraçá-la enfim?
por esse amplexo anseio, oculto
em minhas mãos uma adaga de marfim,
irei golpeá-la nas costas, quando esta
vier até mim...porem tudo isso é apenas
minha tristeza, não sei como nem quando,
mas foi ela que fez-me assim,
tolo poeta,
um asceta dentro de mim.

Sou eu uma caverna!

Uma caverna onde algum ser primitivo
pintou com sangue nas paredes meu
destino e meu fim, desenhou um espelho
para se admirar e acabou observando à mim.

escrevendo agora estas palavras
o vejo com as mãos vermelhas
segurando a adaga de marfim.

Irá golpear-me... de dentro para fora,
chegando então
eu ao meu fim,
pronto para a guerra.



quinta-feira, 20 de março de 2014

Animosidade

Eu enquanto poeta
fictício tenho como
ossos do oficio o
ócio no cio perpetuo,
ócio fértil em todas as
poéticas necessidades.
Mas quando não,
basta-me apenas
minha criatividade
estéril.

Brio Outonal

Ainda assombra a
sombra dos outonos
de outrora.
Assoma a soma dos
meus fracassos passados,
traz a tona a ausência das
glorias que não me conquistaram.
Mas o outono vai embora, muito
embora a malgrado dos versos,
ele nunca desocupa em minha
sina o posto de eterno, e em
minha poesia faz-se sempre
oposto, com muito gosto,
aos sabores dos meus versos. 

quarta-feira, 12 de março de 2014

Do Antes ao Agora

o antes nunca será agora.
não há presente para o
antes, apenas passado,
já era, já foi.
ao contrario do agora,
que, é agora e será depois,
quanto for a hora.
sendo assim, agora não é
o antes do agora que será depois,
ou agora é um antes que já foi?

segunda-feira, 10 de março de 2014

Acareação

vis versos vorazes,
fiz. e quando
vis-à-vis, faltou
voracidade veras,
e a veracidade dos
versos, ou do vate,
foi fugaz.
-quem mentiu pra
quem aqui,
quem não foi veraz?
vocifera fadigada a
pena, à vexar.



domingo, 9 de março de 2014

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Queda Macia

há no enredo da vida
o ensejo da queda...
e como quem rápido
levanta desmaia, eu
permaneço no solo,
pois para levantar
aguardo que minha
queda caia macia
em seu propósito.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Inveja Branca

em meu ponto de vista
sobre a conquista alheia
quem espera condução
é a inveja rumo à mesma
gloria ou à algo que se
assemelha.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Silêncio

Tudo calmo...tranquilo...
algo frágil vem ao
chão...estampido,
choque, colisão...
a queda do silêncio aluído,
jogou-se do ouvido e
como vidro,
comovido,
partiu-se em ruído e
satisfação...
suscetível ao suicídio,
não mais à tranquilidade
faz alusão...alarde.
morto...jaz o silêncio
estendido na superfície
do tímpano da morte.


sábado, 8 de fevereiro de 2014

Sacrifício

quando o sangue escorreu, eu pude
me ver ali refletido em todo aquele
vermelho morno,
sobre o corpo morto,
entre os dentes.
matei!
deus, como pôde permitir
que eu matasse,
esse pobre diabo
diante de mim,
com o crânio rachado,
deus como pôde permitir?
eu, que sempre fui
tão devoto, sempre
acreditei que pudesse
me dominar, você,
senhor,
porque não me impedistes?
a culpa não é minha, deus,
nem desse pobre infiel
que sob tua falta de
consideração, pereceu.
como pude eu,
morder a cabeça
de um homem até
sentir o gosto dos
seus pensamentos de ateu.
matei!
mas foi deus quem esqueceu
dessa ovelha desgarrada,
quanto a mim,
gosto do meu reflexo
nesse vermelho todo,
e percebo que foi meu o sacrifício,
quando vejo minha imagem
toda ensanguentada.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Antestreia

quando não havia nada
houve Deus,
hoje há Deus em tudo.
e não não há mais nada...
...só adeus!

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

mais que perfeito

quem dera
outra hora
voltar a ser
o que outrora
era.

são reminiscências do
auge em decadência,
também pudera. 

Autoajuda

disse o calendário à tua depressão:
os bons velhos tempos, hoje são
decrépitos cavalheiros, as lembranças
sugerem em seus semblantes, por ti,
apenas comiseração.

não fuja dos gracejos dos novos tempos,
não trate esses galantes senhores com
ilusão. se deseja apenas cortejar o passado,
desenho nessas linhas aqui um pedido:
com tua depressão seja pra sempre lembrado,
se eternizando agora, cometendo suicídio.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

melíflua

beijar tua boca
inspira,
ao mesmo tempo
que eleva,
me faz querer descer
até entre tuas pernas,
até tua vagina melíflua...
me liberta,
refuta toda a ideia
de querer para mim
outra mulher que não
seja você,
que não seja assim,
tão puta.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Cosmos

Antes de dormir, amor,
me disse você, que o
melhor é ler o orvalho
de toda manhã, só assim
é possível sonhar.

Depois de acordar, amor,
venha ver a lua, ela ainda
está lá, como no sonho,
e é toda tua, enquanto
acima de nós, o cosmos,
entediado flutua.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

horizonte só

O que pensa o horizonte
ao me olhar,
será que sabe ele que sua existência
é o longe,
que meu olhar é um monge
ao contemplar sua persistência em em
se afastar.
Sabe ele o quanto meu desejo
é coisa muita,
o quanto
intento numa distância entre nós
mais à queima roupa,
que suspiro a cada
passo pelo martírio que para mim é
tentar algum contato.
Eu, um ultrarromântico,
um suicida em plena omissão,
fingindo ser
denso dentro da mais pura leveza,
onde,
se assim obtivesse êxito,
seria chamar atenção para
toda uma existência em tristeza,
sabe-o
o quanto sou reflexo da sua certeza, a de
nunca ser alcançado,
que a empatia será
o mais próximo que chegaremos um do outro,
pois enquanto esperança me oferece atenção,
me oferece a mão sabendo que nunca foi
capaz de utilizar o tato,
sabe ele que sua
companhia é tão presente quanto admirar
um retrato, e o presente é nostalgia por um
futuro, fruto dele e assim assaz ingrato?

O horizonte sempre será só e,
em direção à ele, eu, mais solitário
sou a cada passo dado.