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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Jazmine

Mine era uma linda moça em seus dezessete anos recém completados. Era dona de uma beleza que chamava a atenção de todos por onde andava, sempre fora assim. No berçário era o neném mais lindo, o mais admirado, os pais das outras crianças ficavam todos a babar, admiravam mais Mine do que os próprios filhos. Havia na parede do hospital onde Mine nasceu uma foto dela recém nascida, nunca antes tinham tirado foto de neném algum, nem depois, apenas a beleza de Mine é que havia sido registrada. Assim Mine foi crescendo, sempre paparicada por todos. Na infância era a criança mais bonita da cidade, sempre a chamavam para eventos oficiais da prefeitura, sempre que uma praça ou/e um parque eram inaugurados o prefeito sempre fazia questão de contar com a presença de Mine, e ela sempre ía, adorava toda a atenção que a dispensavam, adorava ser o centro das atenções, sempre. Além de linda era também uma criança super feliz. Mine tinha muitos amigos, todos adoravam ficar na companhia dela, sempre onde Mine estava, lá estavam eles, queriam todos andar com ela para poderem, de alguma maneira, também usufruírem o sucesso que a beleza de Mine fazia. De amigos sinceros mesmos Mine nunca se cercou, ela sabia disso, mas parecia não se importar desde que estivesse sempre sendo admirada, parecia uma rainha má cercada pelos seus bajuladores súditos. Apesar de tamanha beleza Mine nunca se preocupou em namorar, todos os garotos da cidade eram loucos para namorá-la, mas ela sempre os esnobava, sua beleza parecia ser suficiente para ela, não precisava de outra pessoa, aquilo que conquistara com sua beleza para ela estava ótimo. Sempre pensou que se se apaixonasse por alguém, essa pessoa de alguma maneira iria sugar sua beleza, e sem sua beleza Mine não ousava imaginar como seria sua vida. Mas tudo de repente mudou.
Um dia um certo rapaz, Flávio, 19 anos, foi morar próximo a casa de Mine, Flávio veio com a família de outra cidade e quando chegaram já logo ficaram sabendo do alvoroço que causava a beleza de Mine. Flávio ignorava. Achava tudo aquilo tolice, até achava Mine bonita, mas era só isso, uma garota bonita, normal, não via nenhum exagero na beleza de Mine, aliás, sempre dizia que já tinha visto muitas garotas mais bonitas do que ela. Mine quando viu Flávio pela primeira vez se apaixonou por ele como nunca antes havia se apaixonado por ninguém, ficou encantada e sentiu uma vontade enorme de namorá-lo. Mine achava que seria uma honra para Flávio namorar a garota mais bonita da cidade, que seu pedido de namoro seria aceito facilmente por Flávio. Mas a vida está sempre a assegurar para aqueles que vivem em plena certeza que na verdade estão errados.
Mine fazia de tudo para se aproximar de Flávio, frequentava os mesmos ambientes e, como sua beleza sempre lhe abria as portas, Mine logo já tinha o mesmo círculo de amizades de Flávio. Logo na primeira oportunidade a sós com Flávio, Mine se declarou, falou do seu amor por ele e lhe disse que se ele quisesse, ela o namoraria, mas ele disse não. Disse que não bastava a paixão dela por ele para que começassem um namoro, ele também deveria se interessar por ela, mas na verdade por ela, não sentia nada especial, nem amizade eles tinham ainda, se viram apenas algumas vezes e aquela era a primeira vez que conversavam, além do mais, ele não pensava em namorar ninguém naquele momento.
Mine ficou furiosa, disse a ele que ela não era qualquer uma para ele falar que 'não queria namorar ninguém', como assim? Ela era mais que qualquer garota daquela cidade, era a mais bonita, a mais desejada e que, se quisesse, poderia ficar com quem ela escolhesse, e que o fato de ter escolhido ele, era porque realmente o amava. Mas Flávio voltou a dizer que ele não a amava, não gostava dela, a achava presunçosa demais, como se tivesse tudo e todos aos seus pés, que a beleza dela era tudo que ela tinha, nada mais. E isso para ele não era suficiente. Na verdade achava todos naquela cidade uns imbecis, que não passavam de uns abobalhados que ficam a admirar tua beleza como se isso fosse a única coisa que sabiam fazer na vidinha medíocre deles, e ele não era como eles, para ele a última coisa que lhe importava nas pessoas era a aparência física. Sem mais, Flávio disse adeus, pediu para Mine não o procurar mais e que para ela se sentir melhor depois dali, que comprasse um espelho bem grande e ficasse a se admirar, já que sua beleza era algo assim, espetacular.
Mine ficou estarrecida, não acreditava que tinha sido rejeitada, logo ela, tão bonita, tão desejada por todos, do que lhe valia toda a sua beleza se a pessoa que amava não a achava assim tão bela. Mine surtou, desde que nascera nunca tinha sido rejeitada, a vida e todos a sua volta sempre a mimaram demais, e ela não sabia lidar com aquele sentimento que a tomava de assalto naquele momento. Mine não queria mais viver, decidiu que iria acabar com toda aquela dor na alma, a rejeição de Flávio havia aberto uma ferida em sua vaidade que ela não podia suportar. Sem pensar duas vezes, Mine foi até uma ponte onde passava um rio que cortava a cidade, e se jogou. Seu corpo desapareceu sob as águas turvas do rio. Três horas depois acharam o corpo já sem vida boiando à 600 metros do local onde havia pulado. A cidade estava de luto, ninguém acreditava que aquilo fosse verdade, uma moça tão jovem, e tão bonita, acabar com a própria vida, assim?
A cidade toda chorava no velório de Mine, o prefeito decretou luto oficial de três dias, e todos foram velar a mais célebre moradora que aquela cidade já teve. Entre tantas lamentações e tristezas, alguém lá no meio da multidão comentou com uma pessoa que estava ao lado:
— é ou não é a defunta mais linda que você já viu?

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Amor Sideral

Astro master,
estrela maior,
asteroide nave,
cometa lunar,
meteoro blaster,
planeta mor.
São sinônimos do
meu coração
vagando pelo
espaço do amor
sideral, tão frio
quanto vazio,
faz meu peito
parecer infinitesimal.

Boom!

Houve um momento em
tempo algum,
imprecisamente dentro
ou não daquilo que ainda
precisamente nos foge da
plena compreensão, em que
'Boom', o inicio de tudo surgiu.
Uma incalculável explosão,
o hoje infinito universo expandiu-se,
e deus atingiu o ápice da sua inspiração.
Assim diz a ciência e a ociosa crença
daqueles que se aprisionam em uma
fantasiosa imaginação, ou não.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Tristeza assaz sina

Como eu ousaria supor que
a tristeza é uma realidade
inventada, eu que nunca fui
ousado em fazer suposições.

Como eu poderia propor que
minha tristeza é ficção, se sou
personagem dela o bastante
para estar certo que ela é real
e persuasiva demais sobre
minhas emoções.

Como seria possível essa dor
na minha alma não existir,
se a satisfação como antagonista
não existe nessa minha ópera
encenada nos palcos da vida,
e em tal teatro uma platéia de
infelizes me assiste em cena
com minha peça que sempre
em cartaz persiste, insiste em
ser triste com minha fala assaz
sina, e a tristeza me mata ao final
de cada ato e assim entre um
entreato e outro, fecham-se as
cortinas.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Ecos

Esse poema é sobre nós e
do amor que nunca houve,
da invenção de um sentimento
só para nós, por nós, e pela
percepção de que só o amor
era pouco e ainda assim,
apenas ele, em seus moldes,
em nós nunca coube.
Esse poema é para vós,
para lembrar do que talvez
nunca soube, para esclarecer
que todo o silêncio em meus
olhos era a voz das palavras
nunca ditas, pois para dizê-las
era preciso que ouvisse, mas
isso você nunca soube, nunca
calou suas mesmices tolas
um minuto que fosse, e eu nada
fiz para que me fossem necessárias
todas as vezes que você as trouxe.
Esse poema é um tanto atroz,
mas quem de nós não seria se
disso dependesse a sinceridade
que temos com nós mesmos
nos momentos a sós e de total
sintonia, assaz necessários para a
construção daquilo que somos
e para o auto controle em prol
da nossa companhia.
Esse poema é um tratado de paz
entre dois povos que duvidam do
mesmo deus, um na forma de um
ateu e o outro na característica
estúpida do mais fanático crente,
somos nós dois, você não acredita
no amor e eu duvido que ele seja
capaz de tanta covardia para com
aqueles que dele são condescendentes.
Mas inventamos algo melhor que esse deus,
e o reinventamos adequadamente a suprir
os desejos e necessidades dos nossos
pecados, diariamente.
Muito mais eu poderia dizer aqui,
mas isso seria apenas ecos repetidos
do mesmo groove, além do mais,
que diferença faz, pois esse poema
é sobre nós e do amor que nunca ouve.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Verbo a ver

não há, nunca
existiu. só haveria
se em algum tempo
houvesse havido.

mas não houve!

agora, daqui pro
que virá é possível
que haja, e se assim
houver, então tudo bem.
mas por ora é inútil
afirmar que haverá.