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sexta-feira, 19 de julho de 2019

Surdez Súbita

Absurda quietude afora
e orelha adentro
barulhos da euforia
gritante de pensamentos,
e num obscuro intenso
de um ouvido mudo,
a silhueta da surdez
e o design de um
silêncio único.

quarta-feira, 17 de julho de 2019

Physis Poeta

Physis era filha de um
poeta ufano que morreu
sem compreender o
nada absoluto,
a ciência do todo e a
essência de tudo.

Physis queria muito entender
sobre a natureza do Homem
à dos animais;
da composição das rochas
à da atmosfera;
dos desertos de areia
à dos glaciais.

Saber sobre a genealogia
dos deuses
à morfologia dos insetos.

Saber o que é a luz
e a sombra;
o dia e a noite;
a Música e a dança.

Saber sobre a arte
e o seu propósito.

Saber sobre o cosmos,
o que há no fundo do
universo, do oceano,
e o que existe no
interior profundo
dos vulcões.

Saber sobre a água,
o fogo e todos os
demais elementos.

Entender o vermelho
do sangue,
a ferrugem do ferro,
e a natureza dos
metais.

Physis matriculou-se num curso
intensivo de filosofia, astronomia,
de música, matemática e de
geometria fractal,
devorou livros, dissecou teses,
pôs-se a observar todo o
ao redor de toda a sociedade
de todo o tempo e em ordem
cronológica;
o comportamento humano e dos
demais animais, fez pesquisas,
experimentos, questionou,
argumentou, experimentou
drogas, religiões, freguentou
saraus, clubes, boates, igrejas,
bares e bordéis;
subiu montanhas e
explorou cavernas,
esquadrinhou o planeta.

Ao final do tempo que
determinou para entender
sobre as muitas variáveis
da vida e do mundo,
Physis então percebeu
que suas observações
viraram (viravam) versos,
percebeu que caiu sobre
ela a mesma maldição do
seu malfadado pai,
quando deu por si já
tinha há muito,
infelizmente,
se tornado poeta.

sexta-feira, 5 de julho de 2019