Jamais

Uma vez e só,

e ainda talvez.

Pra pergunta

Já Amais?

A resposta é nunca

sempre, porém

sempre nunca,

jamais.

O Salvador

Jamais Jesus poderia me salvar,

eu que escolhi a melhor cruz para ele,

os mais longos e afiados pregos

e o martelo pesado fui eu que bati:

Jesus merece morrer.

E morreu e fui eu que matei.

Jesus jamais me perdoaria,

eu não o amo, não amo,

jamais amei, desacreditava da

palavra e fui eu sempre a atirar

a primeira pedra, hipocritamente

sempre fui eu o acusador,

aquele que cuspia na cara dele

chamando-o de falso profeta,

Jesus jurava amor sincero

e eu o odiava, um ódio vagabundo

e temeroso, mas odiava,

com o coração do cérebro e o

cérebro do coração no peito

gritava:

mas Jesus me ama, mas Jesus me amava.

Mas Jesus me amava sendo eu sempre o 

inverso da palavra, do calor eterno,

eu sempre como o frio da chama,

Jesus me amava, e jesus ainda me

ama, eu o discípulo da besta,

o antídoto, antônimo da crença,

Jesus me amava mesmo assim,

até o fim, até me salvar para ele

eu mesmo de mim, mesmo não

querendo, mesmo não sabendo amar.

Jesus me salvará do que sou

pelo amor por mim.

Jesus me ama,

pois na lógica do amor e na razão de

amar, sou eu dele o Salvador.