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quinta-feira, 2 de maio de 2013

invenção

chamei alguns cupidos para calibrar meu coração.
desde a invenção da tua ida, ele já não sente, não
bate, não pulsa. tua partida o desprogramou. no
meu peito uma máquina sem ação, que palpita em
defeito desde desilusão. como custa tal manutenção,
os cupidos se esforçam, são hábeis. agem incansáveis
atrás de uma solução. mas há um risco toda essa
operação. há quem diga que talvez nada resolva,
nada conserte esse meu coração. o perigo está em
remover toda lembrança tua contida a não perecer
na reminiscencia desse meu violado alçapão. são
tantas as dúvidas que uma única certeza precipitada
será capaz de apagar toda a chance de eliminar o
mecanismo que faz você sempre ser lembrada.
tudo que é inesquecível não quer dizer
que seja fácil lembrar, tudo que é verossímil é
passivo de não acreditar, aceitar tua permanência
em meu âmago, conviver com a presença de um
fantasma que assombra tanto é se entregar. para
reiniciar meu coração é preciso buscar no mais recôndito
do meu ser, você. se faz necessário perder aquilo que
já não mais me pertence, que só existe sendo ausente
e que nessa categoria se torna o que torna meu coração
um lúcido demente, meu coração uma fértil terra para
tua vitalícia semente, fruto do pra sempre, do eterno,
erva daninha da minha emoção. quanto oásis, tu foste,
hoje é um deserto meu peito, meu árido coração que
ressoa em silêncio, sedento de comunhão, de beber da
tua água que antes matava a sede da minha paixão.
tudo insiste em sobreviver, em estado de coma, tudo
ainda há, menos você.
senhores cupidos, não há o que possamos fazer. minha
alternativa é...a morte...é esse coração parar...de...
bater.

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