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quinta-feira, 21 de março de 2013

O flagrante da Rosa

Ela sempre detestou ver como a filha estava ficando com um corpo de mulher.
Juliana tinha apenas quatorze anos, mas seu corpo já era de uma mulher feita.
Juliana desfilava aquele corpaço sob os olhos indignos e invejosos de sua mãe.
Rosa Maria era uma viúva de quarenta anos, desde que o marido morrera nunca
mais se envolveu com ninguém. Era aparentemente recatada, frequentava a igreja
regularmente e promovia em sua casa reuniões semanais com as carolas da redon-
deza, onde tratavam da vida alheia com satisfação. Rosa Maria sempre nutriu pela
filha um sentimento de inveja, teve ciúmes da menina até com o seu finado marido,
o pai de Juliana.
Juliana por sua vez adorava a mãe, tinha por ela toda admiração e respeito, mas
ainda assim viviam em pé de guerra.
— Mãe, eu não vou para igreja só pra te fazer feliz, eu não gosto de lá, cê sabe que
não tem nada a ver comigo, além do mais todo mundo fica me olhando, já basta
aqui em casa, esse monte de velha enxerida que só sabem falar mau dos outros.
— Todo mundo fica te olhando porque você tá sempre vestida igual uma vagabunda.
Aonde já se viu, uma menina nessa idade com essas roupas que mais mostram do que
escondem, e não entendo também por que usá-las assim tão apertadas.
— Eu não tenho culpa de ter o corpo que tenho e minhas roupas não são de vagabunda.
Sempre discutiam. Rosa Maria, não era uma mulher feia mas também não era bonita,
mesmo quando jovem. Casou aos vinte anos com o único homem que teve, e só
conseguiu casar porque estava grávida. Seu marido morto era um sujeito simples e
bobo. Em sua vida sempre foi dominado pela mulher.
Certo dia Rosa Maria saiu mais cedo da igreja, não esperou a missa acabar. Não
estava se sentindo bem, em mais de três anos essa era a primeira vez que deixava
a igreja antes do término da missa. Chegou em casa e encontrou uma jaqueta jogada
em cima do sofá. Era masculina. A sala estava toda revirada. Ela percebeu que havia,
além de sua filha, mais alguém em casa. Foi até o quarto da filha e percebeu que Juliana
estava com um rapaz, do corredor ouviu vozes conversando. Não conseguia entender
o que falavam, eram mais gemidos e sussurros do que palavras. Rosa parou em frente
a porta e ficou escutando, não acreditava que a filha estava com um homem no quarto.
Ela então resolveu espiar o que os dois estavam fazendo, se inclinou um pouco e, pelo
buraco da fechadura, pôde observar o que acontecia no interior do quarto. Juliana
estava deitada nua sobre a cama, fazendo sexo oral no rapaz. Rosa Maria não acreditava
no que seus olhos viam, a filha adolescente ali, pelada com um homem em seu quarto,
e em pleno ato sexual. Rosa ficou calada e continuou observando até o sujeito encher
a boca da jovem de porra. Rosa correu e saiu de casa, quieta sem fazer barulho. Foi
até a esquina e ficou escondida olhando para casa esperando alguém sair, logo em
seguida o rapaz saiu. Rosa Maria então se dirigiu para casa, abalada por dentro mas
tranquila por fora como se nada tivesse acontecido. Entrou em casa e Juliana estava
no sofá vendo tv. Quando a mãe chegou Juliana foi beija-lá, Rosa Maria se esquivou,
falou que estava apertada para ir ao banheiro. Rosa pôde pensar em tudo que viu.
Ficou em frente ao espelho, lembrando da cena, a filha tão jovem e tão devassa.
A visão de Juliana chupando o rapaz não saía da cabeça de Rosa e,
naquela noite, ela sonhou com o ocorrido. Mas no sonho, Rosa não só pegava os
dois em flagrante, mas também participava do ato. Ela e a filha revezavam o pau do
rapaz como se aquilo fosse uma gincana em família. Acordou toda suada e com um
calor que já há bastante tempo não sentia. Levantou e foi tomar um banho gelado.
A água fria refrescou o seu corpo mas não tirou o sonho de sua cabeça. Nesse banho
Rosa se tocou como nunca antes havia feito.
Uma semana havia passado e Rosa Maria não tocou no assunto com a filha, Juliana
não suspeitava que a mãe à havia flagrado com a boca, literalmente, na botija. Ao
longo dessa semana pensou muito no que viu e, toda vez que lembrava do fato, logo
ficava excitada. Sempre ficava à imaginar ela no lugar da filha. Começou a tratar Juliana
com mais amabilidade, insinuava interesse pela filha e fingia se preocupar com a vida da
garota. Certa vez perguntou pra filha se ela não estava de namorico com alguém, Juliana
falou que não, disse que era muito nova e ainda não pensava nessas coisas.
"Vagabunda mentirosa" - pensou Rosa Maria - enquanto falava com a filha. Na semana
seguinte Rosa saiu para ir a missa como de costume, se despediu da filha e seguiu em
direção a igreja. Mas nesse dia ela não foi assistir a missa. Ficou de tocaia observando
a casa e esperando pra ver se Juliana receberia de novo o rapaz, dito e feito, cinco minutos
após a saída de Rosa, o rapaz entrou na casa.
— Filhos da puta-falou consigo Rosa Maria. Esperou dez minutos e voltou para casa. Entrou
sem fazer ruído. A sala estava em ordem dessa vez, foi direto pro quarto da filha e com
certa ansiedade se pôs a observar. Juliana estava vestida, ela e o rapaz. Os dois, deitados
na cama, apenas conversavam. Rosa ficou decepcionada. Saiu e foi para igreja. Naquele
dia na missa só pensava no corpo nu da filha e no rapaz de pau duro a violentar a boca
de Juliana sem nenhum escrúpulo. Salivava, enquanto lá na frente o padre entregava o
corpo de Cristo aos fiéis.

quarta-feira, 13 de março de 2013

apócrifo


diz a poesia que poeta não vive, pena.

entende que tudo que dói é vida. na dúvida,
a vida, incita a dor todo amor  que cativa.

diz a poesia que poeta não ama, pena.

a responsabilidade em sofrer é daqueles em quem
o amor acredita e, credita neles, os apaixonados,
todas as glorias dessa mesma vida.

disse a poesia.
diz ser poesia.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Do blues ao Tango

confesso que não sei se é tristeza
e também não é cocaína, mas
ando meio 'bluesado', sabe?
preso em mim, fugindo dos
outros, bastante ensimesmado.

não há nada que se aproveite
naquilo que ando escrevendo.
meus versos são tão os mesmos
que vivo num déjà vu poético.
realmente não consigo por nada
sentir apreço.

mas a tristeza é tão bonita.
ela me faz enxergar a face
feia da vida. meu semblante
fica com um jeito de entardecer,
aí eu sorrio. mas é deprimente
o riso nos lábios de quem mente,
é uma esfinge que te devora sem
aviso.

não consigo achar interessante
nada, ninguém. na rua enquanto
ando, são todos tão estúpidos,
os transeuntes passando. imagino
sendo eu um deles e, me observando,
fico deprimido. abaixo a cabeça e
ando.

confesso que não sei se é tristeza,
mas ando meio 'bluesado' e
minha vida parece um tango.