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sábado, 8 de fevereiro de 2014

Sacrifício

quando o sangue escorreu, eu pude
me ver ali refletido em todo aquele
vermelho morno,
sobre o corpo morto,
entre os dentes.
matei!
deus, como pôde permitir
que eu matasse,
esse pobre diabo
diante de mim,
com o crânio rachado,
deus como pôde permitir?
eu, que sempre fui
tão devoto, sempre
acreditei que pudesse
me dominar, você,
senhor,
porque não me impedistes?
a culpa não é minha, deus,
nem desse pobre infiel
que sob tua falta de
consideração, pereceu.
como pude eu,
morder a cabeça
de um homem até
sentir o gosto dos
seus pensamentos de ateu.
matei!
mas foi deus quem esqueceu
dessa ovelha desgarrada,
quanto a mim,
gosto do meu reflexo
nesse vermelho todo,
e percebo que foi meu o sacrifício,
quando vejo minha imagem
toda ensanguentada.

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