Páginas

Total de visualizações de página

segunda-feira, 11 de agosto de 2025

Soneto

Mordem-se molares em
maxilares de fauces hiantes
famintas mastigando os
dentes a se auto canibarem.

Hienas! Vis criaturas,
se assemelham a face
mais terrível da natureza,
que é do Diabo a cara dos Homens.

Um pântano florido de 
fumegante brisa, um lago
lindo de lodo inorgânico

em decomposição. Matam a sede ali
entre mordidas e empurrões à lá
Diabos, Hienas e Homens como irmãos.

terça-feira, 5 de agosto de 2025

Cores de Camélias

Linda como as flores de
diferentes cores da Acácia,
de natureza magnífica e
adepta de florestas, ama 
as matas que ainda abrigam
povos originários irrevelados,
e onde a noite é mais linda
é sempre na companhia d'Ela.
Anda sempre de alma nua e
de pensamentos todos revestidos
numa clareza de ideias tão 
lúcidas quanto poéticamente 
filosóficas são. Seu nome é
Cores, de Acácias, Camélias,
Rosas, Jasmins
e outras flores, seu nome é 
de todas as flores que Beija-flores
e Abelhas conseguem visitar
em suas breves existências...
É relva sobre a rocha e rocha
que por sob ela a relva cresce
protegida.
Seu corpo é a copa frondosa de
cada árvore, é o tronco, os galhos,
seu corpo são as raízes de todas as 
árvores e plantas, que ao se
comunicarem entre si formam
uma unidade forte, indissolúvel,
seu corpo é todo floresta, seu corpo 
é a natureza toda que n'Ela se completa 
e completa e dá forma a Ela toda.
Os rios são os seus braços e pernas,
seus pés são as aves, as onças,
pintadas n'Ela as mesmas cores que
caracterizam toda a fauna que compõe 
também o seu corpo, e toda a Flora é
d'Ela a alma que em cada pétala se
encontra e se encerra.
O Luar é seu olhar e o Sol os seus olhos.
Ela é floresta de natureza indestrutível,
Ela é beleza de universalidade subjetiva 
que enlouquece todos os poetas, Ela é
dádiva para cada verso que d'Ela se 
encarrega de cantar, e esse poema é
canto e fruto d'Ela, como toda a beleza 
viva também é.
Quem me dera fosse eu um encantado 
d'Ela e não apenas um poeta d'Ela
encantado. Mas os amores que canto
Ela me bastam por ser inata e
verdadeira a intenção de tê-la como
Deusa em minha cabeça, corpo, alma
e coração.
Ela é Musa da verve da minha pena,
e do futuro de cada poema Ela será 
sempre a ancestralidade. É d'Ela também 
as cores da minha poesia, que mataria
a si por Ela desde que disso 
dependesse a sua
existência que vive diariamente por
mim diante de todo o equilíbrio que
dela se desprende sempre em 
ininterrupta magnificência.


domingo, 15 de junho de 2025

Claustro

A vida em alma e carne
vivas acontecia ao vivo
lá fora.
Dentro de si ele ansiava
por um ensaio quanto a
viver, e aproveitou o 
ensejo enquanto esperava 
e aguardou.

Morreu completamente triste 
e velho demais, sozinho...
morreu dormindo,
ao mesmo tempo, todos morreram 
jovens, em festa e quase felizes.

sábado, 7 de junho de 2025

O Diabo era Deus também

Perturbar a eutaxia 
da minha alma dissecando-a
até a ataraxia do espírito 
ser violentamente 
apresentada a sua
condição primitiva 
de animal feroz,
Minh'Alma pseudo divina,
hoje, dissimulada como
todo habitante do Éden,
articula para sempre
permanecer como o
Diabo era antes da
queda.

domingo, 1 de junho de 2025

Três Personas

Mandei fazer um 
poema sobre mim,
mas quem escreveu 
era tão ruim, que
falou nos versos só 
sobre si mesmo...
O poeta era Eu.

domingo, 18 de maio de 2025

Mesmo

Quantos enquantos quando
todos eles reunidos!
E estes ínterins agrupam-se
para discutir o papel deles
no tempo...e no cotidiano de
todas as coisas, por ora,
percebe-se a ausência desses
intervalos quando nada mais
consegue chegar a lugar nenhum. 
Não há mais conclusões de nada.
E quando cada instante volta a
ocupar seus postos, o (mesmo)
tempo para para pôr e organizar 
cada enquanto em seu devido lugar.

Te Deum Laudamus

Parece desaparecer 
para quem via,
como que se se
despedaçasse em
déjà vu, um
pensamento dejejum 
de uma cabeça amiúde
com fome.
Havia na ideia 
vaga reminiscência 
de um instante 
qualquer jamais
vivido enquanto 
empiricamente 
lembrado.

sexta-feira, 16 de maio de 2025

Parábola sobre Deuses

Astronautas saem de um buraco
no céu como formigas surgem
do solo. Descem de lá como que
de rapel, como insetos subterrâneos 
à superfície sobem. 
Estes, os astronautas, quando tocam
o chão com suas botas herméticas
esmagam sem perceber ou
propositadamente, os minúsculos
seres que saíram das trevas do seu
submundo para uma morte corriqueira
e sem razão. Porém, certa feita, um
desses pequenos seres, constituído 
de peçonha letal, conseguiu subir pelos
pés daquele que pisava seus semelhantes 
e conseguiu adentrar o traje.
No primeiro contato com a pele
desprotegida afundou seu ferrão na derme
do astronauta e injetou todo o seu veneno,
no mesmo instante houve a queda daquele 
corpo no solo, já quase sem vida, e o
estampido que fez o corpo ao cair, atraiu
para ali todos os insetos e vermes que
habitam o ao redor e as proximidades. 
Pouco tempo depois já haviam devorado
quase todo o cadáver daquele que desceu
dos céus. Àqueles que vieram junto com
o que foi devorado, assustaram-se com o
que viam e voltaram para cima, e jamais
outra vez tornaram a pôr os pés neste solo.

domingo, 23 de fevereiro de 2025

Lacuna

Quanto amor caiu em desuso e,
se por ora, se mostra obsoleto, 
é sabido por ambos que em outros
momentos era a principal 
engrenagen que impulsionava
vida sobre nossas existências.

O amor não acabou, mas antes
foi vencido. O cotidiano da
natureza das coisas mais a 
rotina do tempo que nos arrasta
e arassa invariavelmente, 
fez desse amor apenas um 
desbotado ornamento suspenso,
dependurado em alguma
parede nua de nossos corações. 

Antes os lábios se tocavam...
hoje silenciam;
Antes os abraços sufocavam...
hoje se distanciam.

As mãos dadas, dadas a um ardor habitual
pela necessidade de sempre compartilhar 
cada caminhada, cada caminho com os
mesmos passos...
as mãos agora escondem-se pelo risco de
serem solicitadas por algum toque acidental. 

A cama um vasto deserto gélido,
e vez ou outra num intervalo 
entre a sobriedade da insônia e
a insensatez do sono, lembram-se
sozinhos, contidos cada um dentro
da sua própria reminiscência,
de um tempo em que se fartavam 
num oásis maravilhoso de delícias,
alimentando-se insaciavelmente 
um do outro. O amor era um banquete 
servido sobre o corpo de cada amante, 
e era devorado e devoravam-se e só 
se mostravam saciados quando o
orvalho da manhã já se equilibrava
sobre a relva recém iluminada pela
claridade d'aurora.

O amor caído em desuso
morre antes, e quando
isso ocorre, o casal que
fica vive a velar o
sentimento em um 
eterno velório até o fim
da vida por ambos dividida.



quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

Autorretrato

Teu rosto é disfarce 
de tua consciência,
e esta um perfeito 
autorretrato:
Tua consciência em
frente ao espelho, 
que espécie de
monstro te
observaria?